A infertilidade é um assunto cercado de dúvidas. Para esclarecê-las, conversamos com a Dra. Fernanda, especialista em medicina fetal aqui na CM Martins. Confira!
Gerar um filho é o sonho e desejo de muitos casais. Por isso, quando há inúmeras tentativas sem resultado, a infertilidade começa a ser cogitada. Claro que só de ouvir a essa palavra, o paciente pode ter um choque. Afinal, o tema é cercado de dúvidas.
Então, para poder esclarecer melhor o assunto, conversamos com a Dra. Fernanda Loureiro. Atuando aqui na CM Martins há 6 anos, a profissional é médica ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal. Continue a leitura e saiba mais sobre a infertilidade.
Infertilidade: conheça mais sobre esse problema
P: O que é considerado infertilidade?
CM: Antes de mais nada, é importante sabermos que o índice de fecundidade de um casal normal, sexualmente ativo, que não utiliza métodos anticoncepcionais, não ultrapassa 20% por ciclo. Visto isso, após dois anos de vida sexual ativa, a expectativa para que a mulher engravide é de 85 a 90%. Dessa forma, 10 a 15% de casais que apresentam dificuldades reprodutivas são considerados inférteis.
Então, para os profissionais de saúde o conceito de infertilidade conjugal é esse. Quando um casal mantém relações sexuais frequentes, sem proteção contraceptiva, por mais de um ano e não há gestação.
Assim, a investigação médica começa após esse período de tentativa. Entretanto, a pesquisa pode se iniciar antes desse tempo em alguns casos, como:
- pacientes com ciclos menstruais irregulares;
- diagnóstico ou suspeita de endometriose;
- histórico de doença inflamatória pélvica;
- cirurgias abdominais anteriores;
- mulheres acima dos 35 anos.
Quando o homem apresenta alguns problemas já conhecidos e diagnosticados, a análise da infertilidade também se inicia antes de um ano.
P: Há graus ou classificações para este problema?
CM: Basicamente, há duas classificações para a infertilidade. São elas:
- Primária: quando a mulher nunca concebeu, mesmo com a prática de coitos regulares, sem meios contraceptivos, no período mínimo de dois anos.
- Secundária: refere-se à paciente que já foi mãe, porém não voltou a ter uma gestação, mesmo com atividade sexual regular sem uso de anticoncepcionais.
P: O problema pode atingir homens e mulheres?
CM: Sim! A infertilidade pode ter causa tanto feminina quanto masculina. Ela também pode ser mista. Estatisticamente, ambos os sexos têm as mesmas chances de apresentar o problema. Então, atinge proporcionalmente nas seguintes taxas:
- causa mista – masculina e feminina: 30%;
- sem motivo aparente: 10%;
- mulheres: 30%;
- homens: 30%.
Causas e fatores de risco da infertilidade
P: Quais as causas para a infertilidade?
CM: Como mencionei anteriormente, as causas podem ser femininas, masculinas e mistas. Então, como fatores que acometem as mulheres, posso citar:
- Ovulatório: na qual há a anovulação, ou seja, a ovulação não ocorre. Nesses casos, geralmente, a paciente apresenta um ciclo irregular. E essa pode ser a causa central da infertilidade ou periférica. Por exemplo: Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e hiperprolactinemia.
- Tuboperitoneal: quando as trompas estão obstruídas ou não funcionam normalmente. Pode ocorrer como consequência de infecção pélvica, pós-cirurgia na pelve ou endometriose.
- Cervical: neste caso, existe a presença de alguma anormalidade, como pólipos, alteração no muco vaginal, no colo do útero.
- Uterino: quando há alterações nesse órgão, tais como septos, miomas, pólipos endometriais, infecções.
Já as causas masculinas, podem ser as seguintes:
- deformações anatômicas no testículo ou antecedente de torção;
- alteração endócrina e produção hormonal anormal;
- qualidade de quantidade dos espermatozoides;
- inflamações e infecções.
Quanto aos fatores mistos, são consideradas as causas hormonais, metabólicas (como diabetes e obesidade), genética e também é avaliado se há fatores ambientais, nos hábitos de vida, por exemplo, que possam influenciar e causar a infertilidade.
Ainda, a infertilidade pode ser considerada de causa hereditária, quando associada a má formação do aparelho reprodutor feminino ou masculino e alterações genéticas.
P: E quais são os fatores de risco?
CM: Alguns fatores podem influenciar na infertilidade do casal. Por isso, durante a anamnese, é indispensável uma avaliação de hábitos dos pacientes. Isso porque, há estudos que indicam que o tabagismo, por exemplo, pode dificultar a fertilidade. Segundo essas pesquisas, componentes do cigarro possuem efeitos adversos em processos biológicos necessários à reprodução. Como a ovogênese, que é a formação de células reprodutoras.
Durante a avaliação clínica, o médico também avalia o histórico de saúde do paciente, analisando os antecedentes pessoais e familiares. Infecções, problemas genéticos, cirurgias, uso de drogas, contato com agrotóxicos e tratamentos de saúde são levados em considerações.
Outros fatores também associados à infertilidade são:
- Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs);
- atividade sexual precoce;
- número de parceiros;
- prática de sexo anal;
- histórico de aborto;
- cirurgia pélvica.
P: Mulheres que tomam pílula durante muito tempo têm mais dificuldade de engravidar?
CM: Isso é um mito! Eu, particularmente, recomendo que a paciente não interrompa o uso da pílula até que deseje engravidar. Atualmente, grande parte das mulheres já concebem logo após suspenderem a medicação. Algumas, demoram um pouco mais, porque o organismo precisa se adaptar à nova situação. Mas os anticoncepcionais orais não provocam a infertilidade.
Diagnóstico e tratamento para a infertilidade
P: Como o diagnóstico é feito?
CM: Já mencionei que uma investigação da história e vida do paciente é feita. Assim, é levado em consideração o tempo de relação sexual regular sem uso de contraceptivos, idade da mulher (pois, pode estar iniciando a menopausa), ciclos menstruais entre outros fatores.
Também, é solicitada a realização de alguns exames específicos, de acordo com o perfil de cada paciente. Os mais comuns são: estudo do perfil bioquímico hormonal, nutricional e genético (cariótipo), histeroscopia diagnóstica, histerosalpingografia, e espermograma.
P: Há cura ou algum tratamento para a infertilidade?
CM: Há muitos tratamentos que resultam em uma melhora significativa da chance de engravidar. Os principais são os que cuidam das possíveis causas da infertilidade masculina, feminina ou de ambos. Entre eles, as opções com hormônios, medicamentos para fertilidade e, em alguns casos, cirurgia.
Além disso, a fertilização assistida utiliza várias técnicas para os casais que querem gerar um filho. Tais como: a indução da ovulação, a fertilização in vitro, injeção de espermatozoide dentro do óvulo e inseminação intrauterina. Esses são os tratamentos que devem ser feitos com acompanhamento de especialistas e em clínicas próprias para esse fim. Para um resultado mais positivo, pode-se utilizar técnicas em conjunto.
P: Há meios de prevenir a infertilidade? Se sim, quais?
CM: Assim como outros problemas de saúde, há maneiras de prevenir a infertilidade. As recomendações servem para o casal, tanto o homem quanto a mulher. São elas:
- o homem deve evitar roupas muito apertadas e ficar sentado por longos períodos, além de não trabalhar em locais muito quentes;
- programar a gravidez para antes dos 35 anos – que é a idade que a fertilidade feminina diminui;
- cuidar da saúde do casal, fazendo exames e consultas periódicas;
- prática de atividades físicas regulares, de forma equilibrada;
- boa alimentação e tratamento de desordens alimentares;
- não abusar do uso das pílulas do dia seguinte;
- aproveitar os dias férteis da mulher;
- proteger o casal das ISTs.
Como você viu, a infertilidade pode ser causada por diversos fatores, femininos, masculinos e de ambos os sexos. Por isso, produzimos este conteúdo em parceria com a equipe médica da CM Martins. E, para uma melhor compreensão do leitor, algumas respostas podem ter sido editadas.
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