O ceratocone altera, gradualmente, a estrutura física da córnea, atrapalhando a visão e causando desconforto. Descubra como identificar e tratar essa condição.
O termo ceratocone tem origem grega e é formado pela junção de duas palavras keratos (córnea) e konus (cone). Ele dá nome a uma doença ocular hereditária, não inflamatória e degenerativa que também é conhecida como distrofia contínua e progressiva. Apesar do seu fator genético, essa enfermidade também pode estar associada às síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos e Marfan. Sem contar outras patologias oculares como ceratoconjuntivite atópica, aniridia, amaurose congênita de Leber e retinose pigmentar.
Atinge, todas as idades. Geralmente, tem início em pessoas com idade entre 13 e 18 anos e apresenta uma evolução lenta e gradual, durante aproximadamente 6 ou 8 anos. Após esse período, tende a se estabilizar. Contudo, se não tratada de maneira adequada, pode levar à cegueira legal (parcial). Ou seja, quando o indivíduo necessita de assistência para desenvolver certas atividades.
Como o nome sugere, esse distúrbio afeta a estrutura da córnea, dando a ela um formato de cone e um astigmatismo assimétrico e progressivo. Essa doença, normalmente, afeta a visão dos dois olhos de forma assimétrica. Acaba por distorcer a entrada de luz, o que provoca confusão e distorção na formação das imagens.
Apesar da possibilidade de causar cegueira, esse problema ocular, felizmente, possui tratamento. Continue lendo para saber quais são as causas e os tratamentos mais comuns para esta disfunção. Confira!
Saiba quais são as causas do ceratocone
Como foi mencionado anteriormente, ceratocone é uma doença genética.
Portanto, caso haja alguma ocorrência em sua família, não hesite em procurar ajuda profissional para realizar os exames necessários.
Por ser uma doença que, geralmente, inicia-se na infância, o acompanhamento do oftalmopediatra se torna fundamental. Além disso, também é necessário ressaltar a importância do teste do reflexo vermelho, um grande aliado no diagnóstico de inúmeras outras doenças.
Os especialistas ainda não sabem afirmar com exatidão o gatilho para o desenvolvimento do ceratocone. Um dos pontos deste impasse é o fato de que nem todas as pessoas com esta alteração no DNA acabam desenvolvendo a doença. Podendo existir pessoas com histórico familiar e gene para o ceratocone, mas que não desenvolveram a doença.
Todavia, fatores externos também influenciam diretamente na evolução deste quadro. Uma das ações mais comuns e prejudiciais para a integridade da córnea é o hábito de coçar ou apertar os olhos (piscando fortemente, simulando um “cacoete”) Isso porque, com o tempo, há um desgaste do tecido ocular, podendo tornar a córnea mais fina.
Existem ainda outras situações de risco. Entre elas, podemos citar crises de rinite ou asma que acabam causando coceira ocular. Além do mais, o uso inadequado de lentes de contato já se mostrou potencialmente prejudicial. Por outro lado, ocorre ainda, uma relação causal com doenças como catarata e esclerótica azul.
Agora que você já conhece um pouco mais sobre as características desta patologia, descubra quais são seus principais sintomas. Acompanhe.
Conheça os principais sintomas
Assim como acontece em outras condições oculares, um dos sinais mais evidentes é a perda progressiva da visão. Pouco a pouco, ela vai se tornando cada vez mais distorcida e borrada. Mas isso não é tudo. Confira abaixo outros indícios de ceratocone:
- poliopia (quando há formação de múltiplas imagens);
- fotofobia (incômodo gerado por sensibilidade à luz);
- percepção de halos ao redor de fontes luminosas;
- diplopia (visão duplicada).
Todos os sintomas citados acima também estão relacionados com outras doenças. Isso é importante de frisar, pois, ao identificar qualquer um destes fenômenos, procure seu médico. O reconhecimento precoce de grande parte das enfermidades é o maior aliado para um tratamento de eficaz.
Entenda como é feito o diagnóstico
Para descobrir se o paciente sofre de ceratocone, em primeiro lugar, realiza-se um levantamento do seu histórico. Em paralelo a isso, é realizado o exame da lâmpada de fenda, manuseada por um oftalmologista.
Além disso, testes como:
- Topografia ou Tomografia computadorizada;
- Paquimetria corneana.
Microscopia especular, também podem ser requisitados, para melhor diagnóstico, estadiamento e conduta para cada estágio da doença.
Veja quais são os tratamentos
Por muito tempo, a única abordagem disponível era a utilização de óculos, independente da fase da patologia. Entretanto, atualmente existem outras inúmeras abordagens. Veja, a seguir, algumas delas.
Lentes de contato
Há uma enorme variedade delas no mercado e, para o tratamento de ceratocone, as mais indicadas são:
As gelatinosas tóricas ou personalizadas e as do tipo RGP (lente rígida de gás permeável). As primeiras têm um diâmetro maior e oferecem uma boa quantidade de parâmetros de ajuste. Dessa forma, proporcionam maior conforto e estabilidade para o olho. Enquanto isso, a segunda categoria se acomoda sobre a córnea, criando uma superfície refratária mais suave, permitindo uma visão melhor.
Além destes dois tipos, existem, ainda, as seguintes lentes:
- lentes com sistema piggyback;
- esclerais ou semi esclerais;
- protéticas;
- híbridas.
Reticulação da córnea
Por meio desse procedimento, ocorre o fortalecimento corneano, facilitando a entrada da riboflavina, uma espécie de vitamina B ativada pelos raios UV. O método se divide duas técnicas: o epithelium-off e o epithelium-on. Na primeira, é feita a remoção da camada externa do epitélio, enquanto que na segunda não.
Esta abordagem pode reduzir drasticamente a necessidade de transplante.
Intacts
São arcos colocados cirurgicamente na periferia ocular. Sua função é a de proporcionar a remodelagem do olho. Normalmente, esta via é adotada quando a utilização de óculos e lentes já não são mais capazes de dar o suporte necessário.
Anel de Ferrara
Esta órtese (dispositivo de aplicação externa), também conhecida por Anel Intraestromal Corneano, tem por função alterar a curvatura ocular e regularizar a sua superfície, aplanando o cone. Sua estrutura é formada por dois semicírculos compostos de polimetilmetacrilato (PMMA). Por se tratar de uma peça acrílica já bastante utilizada na medicina, o risco de rejeição é baixo. A cirurgia é rápida! Dura em média 15 minutos e o paciente não precisa ser sedado. Aplica-se, apenas, um colírio anestésico
Como você pôde perceber, o ceratocone pode ser diagnosticado precocemente. Além do mais, existem diversos tratamentos distintos, que variam de acordo com o estágio da doença. Além dos métodos descritos acima, ainda podemos citar o transplante de córnea e o crosslinking (procedimento realizado com radiação ultravioleta associada a riboflavina, para fortalecer as fibras de colágeno).
Não negligencie a sua saúde. Aos primeiros sinais de algum problema de visão, procure um especialista. Entre em contato com um de nossos atendentes e agende uma consulta!