A endometriose é uma doença comum, mas que afeta ― e muito ― a qualidade de vida das portadoras. Saiba mais sobre a doença e as opções de tratamento.
O ciclo menstrual chega e com ele as dores insuportáveis, que não aliviam nem com analgésico ou compressas de água quente. Como as cólicas são comuns neste período, muitas mulheres nem se dão conta de que algo possa estar errado e convivem por anos com o problema. E a endometriose não é nada rara: segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 7 milhões de brasileiras têm a doença que, se não tratada, pode até causar infertilidade ― o que ocorre em 30% dos casos.
Embora seja benigna, a endometriose afeta diretamente a qualidade de vida da mulher, trazendo dores incapacitantes e dificuldade para engravidar. A doença ainda é cercada de muitos mistérios e poucos estudos são conclusivos nessa área, mas o que se sabe é que ela acomete mulheres, desde a primeira menstruação e, se não tratada, pode se estender até a última.
No artigo de hoje, vamos explicar melhor a endometriose: os fatores associados ao aparecimento da doença, os tratamentos possíveis e, para começar, o que é, afinal, a endometriose. Acompanhe.
Entenda o que é a endometriose
O útero é revestido por um tecido chamado endométrio. Todos os meses, essa camada de tecido fica mais espessa, propícia para receber um possível óvulo fecundado. Quando o óvulo não chega, o útero descama e o endométrio é expelido por meio da menstruação.
Acontece que, quando a mulher é portadora de endometriose, um pouco desse sangue vai no sentido oposto: ele volta para os ovários ou outros órgãos na cavidade abdominal e se adere às paredes dos órgãos, causando nódulos que inflamam, o que leva às fortes dores. Trompas, bexiga e intestinos recebem 90% das lesões e, em casos mais raros, a infiltração do endométrio pode até mesmo chegar ao coração.
Os principais sintomas da endometriose
Como as cólicas menstruais são normais, muitas mulheres não dão a devida atenção à intensidade das dores, o que atrasa o diagnóstico da doença. Normalmente, a endometriose é descoberta por volta dos 30 anos.
O corpo pode dar alguns sinais de que algo está errado. Portanto, fique atenta se:
- Tiver dor no baixo abdômen, uma semana ou duas, antes da menstruação;
- Sentir dores durante as relações sexuais com penetração;
- Dor para urinar ou evacuar durante o período menstrual;
- Dificuldade para engravidar;
- Sangramento intenso;
- Diarreia;
- Fadiga.
Embora não haja um consenso sobre o que contribui para o surgimento da doença, sabe-se que a hereditariedade está associada à endometriose. Se você tem casos na família (mãe ou irmãs) com a doença, as chances de desenvolvê-la aumentam.
Os tratamentos disponíveis para endometriose
A endometriose é uma doença crônica, ou seja, não tem cura. Entretanto, o acompanhamento médico e os tratamentos hormonais podem aumentar a qualidade de vida da mulher e diminuir os incômodos da doença ― a infertilidade entre eles.
Os tratamentos podem incluir medicação, suspensão da menstruação e, em alguns casos, são recomendadas cirurgias para remoção dos endometriomas (cistos de endometriose). Entretanto, alguns fatores devem ser levados em consideração pelo médico na hora de determinar o tratamento mais adequado, como:
- Intensidade dos sintomas;
- Vontade de ter filhos;
- Idade.
É importante ressaltar que os tratamentos podem ser alternados, dependendo da resposta do corpo da mulher. Por esse motivo, o acompanhamento regular é tão importante.
A intenção de ter ou não filhos é determinante para a escolha do tratamento. Conheça as opções para os dois casos.
Mulheres que desejam ter filhos
Este caso apresenta duas variáveis: tubas uterinas e ovários comprometidos ou não. No caso desses órgãos apresentarem alguma anomalia resultante da endometriose, é recomendada a intervenção cirúrgica para a retirada de todo o tecido endometrial que possa estar presente na cavidade abdominal. A cirurgia é feita por videolaparoscopia e consegue retirar o tecido sem remover partes dos órgãos afetados. Há também a possibilidade de realizar pequenas cauterizações nos endometriomas.
No caso de quem deseja ter filhos, a endometriose pode ser um empecilho, mas não torna a possibilidade da gestão nula. É possível, sim, engravidar tendo endometriose e a doença não causa nenhum risco ao feto. Nas primeiras semanas de gestação, é provável que sejam receitados suplementos de progesterona (junto ao ácido fólico) para reduzir os riscos de abortamento, porém, após esse momento, a gravidez segue normalmente.
Caso a dificuldade em engravidar persista após o tratamento, outras causas da infertilidade devem ser investigadas, como a possibilidade de ovários policísticos.
Mulheres que não desejam engravidar
Já para as mulheres que não desejam ter filhos, a intervenção cirúrgica pode ser uma histerectomia, onde há a retirada de ovários, útero e trompas. A histerectomia só é recomendada quando a mulher não respondeu bem a outros tratamentos e já tem filhos. Pode-se optar também pela retirada de todo o tecido endometrial e restringir a retirada apenas aos órgãos afetados.
Outras opções de tratamento
Obviamente, não apenas a intervenção cirúrgica pode ajudar com o controle da endometriose. Em casos mais leves, o médico pode prescrever a medicação e acompanhamento. Entre os medicamentos mais comuns para endometriose, se destacam:
- Anticoncepcionais;
- Progestagênios;
- DIU.
É importante destacar que esses medicamentos aliviam os sintomas e influenciam diretamente na qualidade de vida da mulher, porém, não elimina os focos da doença e nem revertem possíveis danos já causados.
Caso você tenha algum dos sintomas descritos, ou caso de endometriose na família, não hesite em procurar ajuda especializada. Ela é imprescindível para impedir que a doença se agrave e, no caso de quem quer ter filhos, impacta diretamente na fertilidade. Nos casos de mulheres que realizaram o tratamento e mantêm a doença sob controle, as chances de engravidar se equiparam às de mulheres saudáveis.No Centro Médico Martins você encontra profissionais na área de ginecologia e obstetrícia, assim como clínicos gerais, que podem confirmar o diagnóstico e conduzir o tratamento mais adequado. Entre em contato conosco e agende uma consulta.